Digan cómo.
Digan un plan.
Digan qué idea.
Digan el proyecto.
Digan los pasos.
No digan para terminar con tal cosa, para continuar con tal otra. Digan cómo.
Digan con qué recursos.
Digan con qué criterio.
Digan con qué medidas.
No digan frases vacías. No digan palabras tan generales.
No digan “seguridad” si no dicen cómo.
No digan “educación” si no dicen cómo.
No digan “cambio” si no dicen cómo.
Digan cómo.
Concretamente cómo.
Sinceramente cómo.
Digan las respuestas; las preguntas las conocemos todos.
Digan visiones reveladoras.
Digan algo de los pensadores que leyeron, cuáles rescatan, con cuál disienten.
Digan qué saben de filosofía política, digan qué saben de los problemas de la gente.
Digan qué saben de economía, digan qué recetas ya fallaron y cuáles aún no se han probado.
Digan la historia, las causas.
Digan cómo saben lo que saben.
Digan algo que no haya dicho nadie, algo que no sepamos.
No digan discursos que no dicen cómo.
No digan obviedades.
No digan vaguedades.
No digan sólo los titulares de las cosas. Digan las cosas.
Digan con qué cálculos.
Digan de qué manera.
Digan con qué medios.
Digan por cuál camino.
Digan cómo.
Específicamente cómo.
Técnicamente cómo.
Detalladamente cómo.
Sabiamente cómo.
No digan sólo eslóganes.
No digan por arriba.
No digan “salud” si no dicen cómo.
No digan “vivienda” si no dicen cómo.
No digan “empleo” si no dicen cómo.
No digan lo que ya escuchamos mil veces, lo que ya sabemos de memoria.
Digan una que no sepamos todos.
Digan y sorpréndannos por lo ilustrados, por lo preparados, por lo sensibilizados.
Digan y sorpréndannos por lo creativos, por lo comprometidos, por lo bienintencionados.
Digan lo que quieren hacer, pero digan cómo.
No digan palabras recitadas.
No digan frases hechas por los asesores de imagen.
No digan discursos de cartón. Digan cómo.
Simplemente cómo.
Claramente cómo.
Particularmente cómo.
Responsablemente cómo.
Digan un plan.
Digan qué idea.
Digan el proyecto.
Digan los pasos.
Por cuál camino.
Con qué recursos.
Con qué criterio.
Con qué medidas.
Digan cómo.
Los estamos escuchando.
Mex Urtizberea.
domingo, 30 de junio de 2013
lunes, 24 de junio de 2013
Brasil: Talitha Alves, la quilombera
Transcribimos una comunicaciòn de una chica brasileña, Talitha Alves, que fue mostrada como "ejemplo" de "violentos manifestantes" (baderneiros = quilomberos) por la cadena TV Record, la emisora de los evangélicos que busca desbancar a la competidora red Globo.
Já que a Rede Record de televisão gostou tanto desse video ao ponto de coloca-lo ao ar de 2 em 2 segundos me chamando de vandala e baderneira EM REDE NACIONAL quero, por meio desse, informa- los que:
Vandalismo é o ato de não deixar um PM (sem identificação) me encher de porrada em praça pública ? Porque se for, me orgulho disso.
Ser baderneira é questionar esse senhor sobre sua identificação na farda?
Ser vandala é não aceitar que um homem, pelo simples fato de ser homem se sinta no direito de vir me descer o cacete porque eu era uma das unicas minas que ficam na frente ?
Nunca toquei em um jat de tinta ou meti o pé em um portão, ou depredei qualquer coisa na vida..
Mas o que eu achei mais cômico desse jornaleco foi que "coincidentemente" ele ficou repetindo a seguinte coisa: "Isso é um manifestante (rapaz branco) isso é uma BADERNEIRA que afronta quem faz sua segurança( eu mulher negra) "
Agora eu os questiono: Mas pera, a cor da minha pele e o meu cabelo definem mesmo quem é manifestante - baderneiro? Vocês viram esse senhor PM me dando 3 cacetadas na altura da costela ? Vocês não filmaram a agressão porque ? Porque na minha pele NEGRA, as marcas ficaram mas é na minha alma tão negra quanto minha pele, que ficaram a marca do seu "chicote moderno"
A minha luta é que, os senhores, donos da escravatura moderna, parem de mandar seus capitães do mato modernos (PM's) atrás dos "escravos fujões" da perifa.
População negra hoje tem índice de morte de 75% de sua juventude.
A periferia NUNCA ACORDOU, porque ela NUNCA DORMIU.
O seu movimento branco, burguês, pró saída nas ruas não me representa.
Juventude periférica SOBREVIVE no gigante e somos nós que fazemos a sua economia deslanchar ..
Não me representa, uma pessoa que usa uma mascara e coloca uma voz de robô com 5 metas pautadas por gente BURGUESA em movimento "popular"
Não me representa uma ideia de impeachment (ê palavrinha difícil viu)
Não me representa a invisibilidade da população jovem negra
E para vocês da rede record de televisão, informo que VANDALISMO é o péssimo jornalismo de vocês, é a falha na notícia, é a imposição de padrões na sociedade.
Não somos terroristas, não somos vandalos nem baderneiros.
Somos população negra e periférica botando a cara e enegrecendo os movimentos, mesmo que a minha cara seja marcada POR VOCÊS como cara do perigo.
Já que a Rede Record de televisão gostou tanto desse video ao ponto de coloca-lo ao ar de 2 em 2 segundos me chamando de vandala e baderneira EM REDE NACIONAL quero, por meio desse, informa- los que:
Vandalismo é o ato de não deixar um PM (sem identificação) me encher de porrada em praça pública ? Porque se for, me orgulho disso.
Ser baderneira é questionar esse senhor sobre sua identificação na farda?
Ser vandala é não aceitar que um homem, pelo simples fato de ser homem se sinta no direito de vir me descer o cacete porque eu era uma das unicas minas que ficam na frente ?
Nunca toquei em um jat de tinta ou meti o pé em um portão, ou depredei qualquer coisa na vida..
Mas o que eu achei mais cômico desse jornaleco foi que "coincidentemente" ele ficou repetindo a seguinte coisa: "Isso é um manifestante (rapaz branco) isso é uma BADERNEIRA que afronta quem faz sua segurança( eu mulher negra) "
Agora eu os questiono: Mas pera, a cor da minha pele e o meu cabelo definem mesmo quem é manifestante - baderneiro? Vocês viram esse senhor PM me dando 3 cacetadas na altura da costela ? Vocês não filmaram a agressão porque ? Porque na minha pele NEGRA, as marcas ficaram mas é na minha alma tão negra quanto minha pele, que ficaram a marca do seu "chicote moderno"
A minha luta é que, os senhores, donos da escravatura moderna, parem de mandar seus capitães do mato modernos (PM's) atrás dos "escravos fujões" da perifa.
População negra hoje tem índice de morte de 75% de sua juventude.
A periferia NUNCA ACORDOU, porque ela NUNCA DORMIU.
O seu movimento branco, burguês, pró saída nas ruas não me representa.
Juventude periférica SOBREVIVE no gigante e somos nós que fazemos a sua economia deslanchar ..
Não me representa, uma pessoa que usa uma mascara e coloca uma voz de robô com 5 metas pautadas por gente BURGUESA em movimento "popular"
Não me representa uma ideia de impeachment (ê palavrinha difícil viu)
Não me representa a invisibilidade da população jovem negra
E para vocês da rede record de televisão, informo que VANDALISMO é o péssimo jornalismo de vocês, é a falha na notícia, é a imposição de padrões na sociedade.
Não somos terroristas, não somos vandalos nem baderneiros.
Somos população negra e periférica botando a cara e enegrecendo os movimentos, mesmo que a minha cara seja marcada POR VOCÊS como cara do perigo.
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sábado, 22 de junio de 2013
Brasil: la vuelta a casa
Leemos que el Movimento Passe Livre decidió no convocar a nuevas manifestaciones, ya que por un lado la reivindicación de la rebaja del boleto fue conseguida, y otra por el peligroso rumbo que las cosas tomaron, a la vista que grupos de derecha (incluyendo las policías) estaban tratando de generar caos y crear una "primaveira brasileira", con la idea de mostrar que en ese país se vive en una dictadura populista. Digamos, repitiendo el mensaje cacerolo que se vive en toda Latinoamérica, justificativa de golpes, como las tentativas en Venezuela y Ecuador, y el exitoso de Honduras. Ojo al hilo, los gorilas no descansan.
Los brasileños salieron a la calle después de tantísimos años. Muchísimos de ellos están descubriendo la herramienta. Nos alegramos mucho por eso. Hasta recientemente, las manifestaciones solían ser actos litúrgicos del tipo "todos de blanco y con velas", y hacer rezos colectivos y cadenas de oración con mensajes conciliadores o del tipo "por la paz en el Mundo". O, más puntuales, la Parada Gay o las marchas de evangélicos.
Decíamos en el posteo anterior de la falta de respuesta del PT anquilosado por una década de éxitos y también de cuadrarse siempre ante el Jefe y la responsabilidad de conducir el Ejecutivo. Lula es un líder excepcional, al que es muy dificil contrariar justamente por su prestigio. Esa falta de respuesta incluye también a Dilma y su gobierno. No apareció ningún jetón a hacer declaraciones, y a lo único que se atinó fue a garantizarle a la FIFA que la Copa de las Confederaciones estaba garantizada. Muy flojo. A pesar de su capacidad e inteligencia, Dilma no viene de la política de masas sino la del aparato. Ha sido una administradora eficiente, y muy capaz para lidiar con la máquina del Estado, pero también hace falta hablarle al pueblo. Su mensaje de ayer fue claro, aunque probablemente no demasiado para el laburante brasileño de a pie. El que más sufre el transporte caro y que no fue a las manifestaciones.
Dos artículos de Página hablan de esto, uno del periodista Eric Nepomuceno, y el otro del investigador portugués Boaventura de Sousa Santos. Para leer, tienen claves bien interesantes.
Los brasileños salieron a la calle después de tantísimos años. Muchísimos de ellos están descubriendo la herramienta. Nos alegramos mucho por eso. Hasta recientemente, las manifestaciones solían ser actos litúrgicos del tipo "todos de blanco y con velas", y hacer rezos colectivos y cadenas de oración con mensajes conciliadores o del tipo "por la paz en el Mundo". O, más puntuales, la Parada Gay o las marchas de evangélicos.
Decíamos en el posteo anterior de la falta de respuesta del PT anquilosado por una década de éxitos y también de cuadrarse siempre ante el Jefe y la responsabilidad de conducir el Ejecutivo. Lula es un líder excepcional, al que es muy dificil contrariar justamente por su prestigio. Esa falta de respuesta incluye también a Dilma y su gobierno. No apareció ningún jetón a hacer declaraciones, y a lo único que se atinó fue a garantizarle a la FIFA que la Copa de las Confederaciones estaba garantizada. Muy flojo. A pesar de su capacidad e inteligencia, Dilma no viene de la política de masas sino la del aparato. Ha sido una administradora eficiente, y muy capaz para lidiar con la máquina del Estado, pero también hace falta hablarle al pueblo. Su mensaje de ayer fue claro, aunque probablemente no demasiado para el laburante brasileño de a pie. El que más sufre el transporte caro y que no fue a las manifestaciones.
Dos artículos de Página hablan de esto, uno del periodista Eric Nepomuceno, y el otro del investigador portugués Boaventura de Sousa Santos. Para leer, tienen claves bien interesantes.
viernes, 21 de junio de 2013
Brasil: tratando de entender ....
La noticia de las movilizaciones en Brasil nos sorprendió muchísimo. Es un país cuyo pueblo no tiene costumbre de salir a la calle y protestar. Probablemente la última vez fue en los movimientos pro amnistía y las "Diretas já" de fines de la Dictadura, un cuarto de siglo atrás. Por eso que salgan de a millares es toda una novedad, y probablemente parte del éxito sea que los mismos ciudadanos ya no se vean como borregos apáticos.
Ariel publica un racconto con sus impresiones.
Agrego que el movimiento empezó en algunas ciudades menos conocidas, como Goiânia, y allí tuvo hasta su desenlace, con una rebaja del transporte, luego de represión, quema de micros y marchas de jóvenes clase media baja. Los grandes medios taparon todo hasta que se empezó a generalizar el desorden, primero mostrando el lado violento y ahora haciendo espacio para mostrar "indignados", con un mensaje cacerolo; y un "Fora Dilma" que, aunque no es lo que prima, se va haciendo lugar.
El PT no ha tenido una buena reacción, o casi ninguna. Lamentablemente se va a morfar el costo político de algo que no los beneficia. El PSDB y los grandes medios ganan espacio, acorralando de nuevo al gobierno popular. Lamentablemente, en esta sobreactuación de la domesticación el PT no ha ganado espacio a derecha, y se come tener que aparecer como Partido del Orden. Y eso es peligroso a futuro. Lo poco que ha hecho hasta ahora es hablar de conspiración, pero esto se gana en la calle, y no en comunicados de prensa. Pero ser paranoico no significa que a uno no lo persigan. La yuta actuó consistentemente para armar más bardo del que había. Y en las movilizaciones de hoy aparecieron grupos de skinheads de inspiración milica azuzando a la gente contra los partidos de izquierda que participaban de las marchas. Y en la mezcla la gran prensa selecciona el "No a la corrupción" como única bandera.
Peligroso, si el PT no retoma la iniciativa.
Aquí debiéramos tomar nota, la derecha no perdona, y la alcahuetería y el cuadrarse saludo uno, saludo dos no le beneficia a nuestro Gobierno Popular.
Ariel publica un racconto con sus impresiones.
Agrego que el movimiento empezó en algunas ciudades menos conocidas, como Goiânia, y allí tuvo hasta su desenlace, con una rebaja del transporte, luego de represión, quema de micros y marchas de jóvenes clase media baja. Los grandes medios taparon todo hasta que se empezó a generalizar el desorden, primero mostrando el lado violento y ahora haciendo espacio para mostrar "indignados", con un mensaje cacerolo; y un "Fora Dilma" que, aunque no es lo que prima, se va haciendo lugar.
El PT no ha tenido una buena reacción, o casi ninguna. Lamentablemente se va a morfar el costo político de algo que no los beneficia. El PSDB y los grandes medios ganan espacio, acorralando de nuevo al gobierno popular. Lamentablemente, en esta sobreactuación de la domesticación el PT no ha ganado espacio a derecha, y se come tener que aparecer como Partido del Orden. Y eso es peligroso a futuro. Lo poco que ha hecho hasta ahora es hablar de conspiración, pero esto se gana en la calle, y no en comunicados de prensa. Pero ser paranoico no significa que a uno no lo persigan. La yuta actuó consistentemente para armar más bardo del que había. Y en las movilizaciones de hoy aparecieron grupos de skinheads de inspiración milica azuzando a la gente contra los partidos de izquierda que participaban de las marchas. Y en la mezcla la gran prensa selecciona el "No a la corrupción" como única bandera.
Peligroso, si el PT no retoma la iniciativa.
Aquí debiéramos tomar nota, la derecha no perdona, y la alcahuetería y el cuadrarse saludo uno, saludo dos no le beneficia a nuestro Gobierno Popular.
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sábado, 1 de junio de 2013
Carlos "Quito" Burgos: In Memoriam
Un par de textos del Facebook sobre la recuperación de los restos de Carlos "Quito" Burgos, asesinado en el intento de copamiento al regimiento de La Tablada el 23 de enero de 1989
Por Miriam S.
Una caja con huesos. Es lo que hay, al fin: huesos que ya son cenizas para devolver a la tierra. 24 años más tarde, podemos despedir al tío Quito, que por fin es un muerto, y no un prófugo —como se empecinó en decir el Poder Judicial por mucho tiempo— ni un desaparecido —su condición efectiva por más de veinte años—. Podremos decir “a Quito lo mataron en el copamiento de La Tablada y escondieron su cuerpo”. Ahora que lo recuperamos y lo despedimos, esa oración es posible.
De la vida de Carlos Alberto Burgos, una vida intensa y entregada a la militancia, es posible rescatar múltiples imágenes, anécdotas, recuerdos. El pequeño Quito disfrazado de vaquero en el carnaval de 1948 mira cómplice al Quito que sonríe al salir de la cárcel en 1963. El Quito casi adolescente que escribe su propio alegato de defensa ante la Corte Marcial del Plan CONINTES da lugar al Quito periodista de La Opinión y de El Cronista Comercial. El Quito que sonríe con toda la cara —sonríen los ojos, como puñaladas— y posa con los dedos en V; el que volvió del exilio y conocí yo; el que mira a cámara pensando en quién sabe qué en ese enero del 89, poco antes de que lo maten.
La vida de los muertos es lo que nos queda cuando hemos podido despedirnos de ellos: sin esa ceremonia, todo remite a su muerte, a la desaparición, a esa suerte de onda expansiva que nos tocó y nos alteró para siempre. No había marcos sociales para convivir con semejante evento. Hasta el día de hoy, no los hay: los que hablan de desapariciones en democracia suelen excluir a los desaparecidos de La Tablada, los que anhelan la imagen de un Alfonsín inmaculado los soslayan. Por eso, recuperar los restos de Quito y poder despedirlos se parece más a una reconstrucción que a una reparación: se repara lo que tiene arreglo, y la desaparición no lo tiene. Mi abuelo murió en diciembre de 1997; mi abuela, en abril de 2006. Ninguno de los dos tuvo la posibilidad de una certeza. De lo que hicieron con la muerte de Quito, hoy podemos reconstruir algo similar a una conclusión. Y así, dar un lugar, un espacio, un tiempo a quien no lo tenía. Que era él, el desaparecido, pero que también fuimos nosotros, que ahora podemos saber cosas simples: es él, está acá, y al fin —como dice esa bella canción de Iván Lins— lo pasaremos en limpio, lavaremos las heridas y recogeremos los frutos. Y claro, probaremos el gusto por los que ya no están.
Este texto de Laura L.
Leo en el diario El Día de La Plata un breve aviso fúnebre en la parte de recordatorios:
CARLOS ALBERTO BURGOS (Quito)
Asesinado en La Tablada el 23/01/1989.- Homenaje a tu vida militante. Descansa en paz, querido hermano.
Leo este aviso y pienso que hay hechos que habilitan las palabras, y que las palabras -la posibilidad de decir algunas cosas, en este caso las palabras "asesinado", "La Tablada", "descansa en paz", "querido hermano"- permite cerrar algunas viejas y dolorosas heridas.
El aviso fúnebre me está hablando también a mi. Esas palabras me dicen que ahora se puede volver a hablar de los ochentas, esa década que, al menos en hipótesis, se abre con la guerra de Malvinas y se cierra con la toma del cuartel de La Tablada.
El aviso fúnebre me avisa -nos avisa- el fin de una vergüenza: la espera de 24 años para sepultar un cuerpo. No sé si es posible reparar esa espera porque entre tanto hubo padres que murieron sin haber podido hacer el duelo por el hijo muerto. No sé si se puede reparar el oprobio de que aún hoy siguen habiendo desaparecidos de La Tablada, pero lo que seguro no repara nada es el silencio.
No sé si fue la hermana Buchi o el hermano Felipe, no sé quién puso este aviso fúnebre en el diario El Día, no sé cuál de los dos se animó a hacerlo. No sé, pero lo agradezco y doy mis pésames porque los rituales permiten cerrar y abrir etapas.
Descansa en paz. Descansen en paz.
Por Miriam S.
Una caja con huesos. Es lo que hay, al fin: huesos que ya son cenizas para devolver a la tierra. 24 años más tarde, podemos despedir al tío Quito, que por fin es un muerto, y no un prófugo —como se empecinó en decir el Poder Judicial por mucho tiempo— ni un desaparecido —su condición efectiva por más de veinte años—. Podremos decir “a Quito lo mataron en el copamiento de La Tablada y escondieron su cuerpo”. Ahora que lo recuperamos y lo despedimos, esa oración es posible.
De la vida de Carlos Alberto Burgos, una vida intensa y entregada a la militancia, es posible rescatar múltiples imágenes, anécdotas, recuerdos. El pequeño Quito disfrazado de vaquero en el carnaval de 1948 mira cómplice al Quito que sonríe al salir de la cárcel en 1963. El Quito casi adolescente que escribe su propio alegato de defensa ante la Corte Marcial del Plan CONINTES da lugar al Quito periodista de La Opinión y de El Cronista Comercial. El Quito que sonríe con toda la cara —sonríen los ojos, como puñaladas— y posa con los dedos en V; el que volvió del exilio y conocí yo; el que mira a cámara pensando en quién sabe qué en ese enero del 89, poco antes de que lo maten.
La vida de los muertos es lo que nos queda cuando hemos podido despedirnos de ellos: sin esa ceremonia, todo remite a su muerte, a la desaparición, a esa suerte de onda expansiva que nos tocó y nos alteró para siempre. No había marcos sociales para convivir con semejante evento. Hasta el día de hoy, no los hay: los que hablan de desapariciones en democracia suelen excluir a los desaparecidos de La Tablada, los que anhelan la imagen de un Alfonsín inmaculado los soslayan. Por eso, recuperar los restos de Quito y poder despedirlos se parece más a una reconstrucción que a una reparación: se repara lo que tiene arreglo, y la desaparición no lo tiene. Mi abuelo murió en diciembre de 1997; mi abuela, en abril de 2006. Ninguno de los dos tuvo la posibilidad de una certeza. De lo que hicieron con la muerte de Quito, hoy podemos reconstruir algo similar a una conclusión. Y así, dar un lugar, un espacio, un tiempo a quien no lo tenía. Que era él, el desaparecido, pero que también fuimos nosotros, que ahora podemos saber cosas simples: es él, está acá, y al fin —como dice esa bella canción de Iván Lins— lo pasaremos en limpio, lavaremos las heridas y recogeremos los frutos. Y claro, probaremos el gusto por los que ya no están.
Este texto de Laura L.
Leo en el diario El Día de La Plata un breve aviso fúnebre en la parte de recordatorios:
CARLOS ALBERTO BURGOS (Quito)
Asesinado en La Tablada el 23/01/1989.- Homenaje a tu vida militante. Descansa en paz, querido hermano.
Leo este aviso y pienso que hay hechos que habilitan las palabras, y que las palabras -la posibilidad de decir algunas cosas, en este caso las palabras "asesinado", "La Tablada", "descansa en paz", "querido hermano"- permite cerrar algunas viejas y dolorosas heridas.
El aviso fúnebre me está hablando también a mi. Esas palabras me dicen que ahora se puede volver a hablar de los ochentas, esa década que, al menos en hipótesis, se abre con la guerra de Malvinas y se cierra con la toma del cuartel de La Tablada.
El aviso fúnebre me avisa -nos avisa- el fin de una vergüenza: la espera de 24 años para sepultar un cuerpo. No sé si es posible reparar esa espera porque entre tanto hubo padres que murieron sin haber podido hacer el duelo por el hijo muerto. No sé si se puede reparar el oprobio de que aún hoy siguen habiendo desaparecidos de La Tablada, pero lo que seguro no repara nada es el silencio.
No sé si fue la hermana Buchi o el hermano Felipe, no sé quién puso este aviso fúnebre en el diario El Día, no sé cuál de los dos se animó a hacerlo. No sé, pero lo agradezco y doy mis pésames porque los rituales permiten cerrar y abrir etapas.
Descansa en paz. Descansen en paz.
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