viernes, 9 de abril de 2010
El huayco carioca
Un pequeño texto, en vez de una solidaridad más tangible con la tragedia en Rio y Niterói. Todos los años pasan cosas similares: la lluvia se lleva un morro, y con él los pobres que hacen sus casas encima. Recuerden eso cuando algún guía turístico para gringos les diga que en las favelas la vida es muy buena, y encima no pagan impuestos inmobiliarios
No nos gusta Jabour, pero esta vez dio en la tecla.
El diccionario:
chato=plomo
enchentes=inundaciones
O Rio teve duas enchentes: a chata e a dramática
Arnaldo Jabour
No Rio de Janeiro há duas enchentes, duas. Uma delas é drama. Atingiu a mim, por exemplo, que moro na Lagoa e fiquei ilhado. Chato, muitos outros perderam a hora, tiveram de andar de barquinho, carros boiando. Super chato.
A outra enchente é a tragédia. Barracos deslizando, famílias morrendo na lama. A catástrofe natural ilumina a catástrofe social. As pessoas não estão lá por imprudência, como dizem as autoridades, "ah, não medem o perigo".
Não são imprudentes, são POBRES, não tem onde morar com segurança. A diferença entre drama e tragédia é que tragédia se encerra com a morte inevitável. No Rio há um tipo de tragédia que se repete como um drama sem fim.
O Rio fica mais visível não a luz do sol, com barquinhos na baia a deslizar. O Rio fica mais claro na chuva. Vemos a verdade que se esconde na paisagem. Uma cidade com a grande maioria de pobres e desamparados, a mercê de décadas de governantes irresponsáveis e corruptos.
Mas eles estão tranquilos, suas fichas sujas jamais serão exibidas, como vimos hoje (quarta) na Câmara Federal, que adiou o desejo de um milhão e meio de brasileiros.
Os irresponsáveis são até abraçados por político em campanha. Eles só esperam as águas baixarem e as notícias sumirem. Até outra tragédia em que a culpa é dos mortos.
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